Crescer, aprender, se desenvolver, é o que todo pai e toda mãe quer para seus filhos. A aprendizagem refere-se ao processo de aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, que se inicia bem cedo na vida.
Do ponto de vista neurobiológico, o aprendizado transcorre no cérebro e é resultado da neuroplasticidade cerebral, que é a capacidade que o cérebro tem de se adaptar e se reorganizar, formando novas conexões, gerando dessa forma, novas aprendizagens. O processo de aprendizagem envolve assim, as estruturas cerebrais, ou seja, o sujeito em si com todo o potencial fisiológico que tem para aprender, somado aos estímulos do ambiente, e também fatores emocionais, como por exemplo, a motivação.
Muitas crianças apresentam dificuldades em seu processo de aprendizagem, as quais podem ser decorrentes de diversas causas, como por exemplo, déficits cognitivos, problemas familiares, problemas sensoriais (visão, audição), metodologia de ensino inadequada, fatores socioeconômicos, dentre outras causas.
Dificuldades de aprendizagem resultantes de déficits cognitivos ou prejuízos no funcionamento em regiões específicas do cérebro, como no caso da dislexia, apresentam características que podem ser observadas desde a pré-escola.
Atualmente, devido aos reflexos da pandemia e de seus desdobramentos na vida escolar, as crianças que já tinham dificuldades de aprendizagem, acabaram por sofrer um agravamento dessas dificuldades.

Os prejuízos escolares, emocionais e sociais observados na vida das crianças e adolescentes, devido dificuldades de aprendizagem, geram estresse individual e familiar, baixa autoestima e ansiedade, além de outros problemas. Diante disso, se faz necessário um olhar atento, tanto por parte da escola, quanto dos pais, em relação aos primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem nas crianças, seguido de ações que visem descobrir o motivo dessas dificuldades e em seguida a busca por intervenções adequadas o mais rápido possível; pois quanto mais cedo acontecer a intervenção nas dificuldades de aprendizagem, melhor poderá ser o prognóstico em termos de superação e/ou minimização tanto dos problemas de aprendizagem, quanto dos impactos na vida da criança.

Vale ressaltar ainda que não se trata de patologização das dificuldades escolares, porque nem todas as dificuldades de aprendizagem, como mencionado anteriormente, tem sua causa em problemas de saúde ou neurobiológicos, mas se trata de uma busca por respostas para as dificuldades de aprendizagem de forma ampla e abrangente, ou seja, de forma inter e multidisciplinar, uma vez que quanto mais compreendermos suas causas e seus desdobramentos na vida da criança, da família e da escola, melhores condições teremos de dar um suporte mais adequado e eficaz para a criança.
Luzinete Sá
Referências bibliográficas
Rotta, N. T., Ohlweiler L., Riesgo, R. S. (organizadores). Transtornos da Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2016
DSM-5 – Manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais (American Psychiatric Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento. Porto Alegre: Artmed, 2014.